A
Postura
A
postura é algo que pode ser definido de forma simples como a posição
do corpo.
Sabemos
que existe aquilo a que se pode chamar uma postura ótima, que
consiste numa determinada posição do corpo em que os vários
segmentos corporais estão equilibrados entre si. Este equilíbrio
implica que não existe sobrecarga de esforço ou de tensão em
determinadas zonas, à custa de outras. Existe, portanto, um
equilíbrio de forças entre todos os segmentos.
Para explicar este equilíbrio pode ser aplicado o conceito de tensegridade. Este
conceito, desenvolvido pelo arquiteto Buckminster Fuller, diz que,
para que uma estrutura possa existir em equilíbrio, as forças de
compressão/tração entre os segmentos dessa estrutura deverão
estar equilibradas providenciando uma integridade tensional. Ou seja,
se as forças de compressão/tração se equivalerem a estrutura
conseguirá ficar de pé de forma perfeita, estável e íntegra. Pelo
contrário, basta que uma dessas forças esteja alterada para que
todo o sistema se desvie do seu equilíbrio.
Figura 1. Modelo de tensegridade
Esta
teoria pode ser aplicada à biomecânica e postura do nosso corpo: se
imaginarmos os cabos como sendo os nossos músculos, e os traves como
sendo os nossos ossos, podemos dizer que, caso exista um equilíbrio
de tensão entre eles, o nosso corpo ficará de pé com o mínimo de
esforço e máximo de eficácia. Caso existam desigualdades entre as
forças dos vários músculos e ossos, o corpo ficará de pé de
forma disfuncional, gastando mais energia do que o necessário e
colocando determinados segmentos em stress.
Apesar
de termos tendência para encarar a postura como algo estático, de
facto na prática a postura é dinâmica.
Não
existe uma postura diária, mas sim uma sequência de posturas pelas
quais vamos passando durante o dia. Desde que nos colocamos em pé de
manhã estamos permanentemente a alterar posições do corpo, sendo a
alteração mais frequente a passagem de pé para sentado e de
sentado para de pé (podendo, dependendo do trabalho de cada um,
passar pelas posições de ajoelhado, gatas, deitado, etc.)
Mesmo
quando estamos numa determinada postura durante algum tempo (como
sentado) vamos sempre fazendo pequenas alterações à posição do
nosso corpo.
Mas,
apesar destas mudanças constantes, existe uma determinada base
postural muito importante que se mantêm relativamente estável. Esta
base postural é a nossa coluna e é em primeiro lugar para ela que
temos de olhar.
A
nossa coluna é a trave mestre do nosso corpo. Não vou entrar em
grandes pormenores sobre as suas várias funções, mas simplesmente
abordar de forma simples o seu funcionamento biomecânico. Ela é
composta de 3 curvaturas diferentes que se complementam. A saber: a
curvatura cervical que consiste numa lordose, a curvatura torácica
que consiste numa cifose, e a curvatura lombar que consiste também
numa lordose, que assentam numa base que denominamos de bacia.
Estas
curvaturas tem um determinado alinhamento ótimo, em que todas as
forças são distribuídas de forma uniforme.
Contudo,
muitas vezes existem alterações nestas curvaturas, alterações
essas que fazem os seus ângulos de curvatura aumentar ou diminuir,
devido às tais alterações de tensão musculares que puxam as
curvaturas em determinado sentido, exagerando-as ou diminuindo-as.
A
figura abaixo demonstra aquela que é aceite como a postura ótima,
ou mais próximo do normal, e demonstra também as alterações
posturais mais frequentes ao nível da coluna. A figura seguinte
demonstra também uma última alteração muito frequente e conhecida
na coluna, que se chama escoliose. Esta escoliose é uma alteração
num outro plano e pode coexistir com as outras alterações.
Figura 2. Tipos posturais (retirado de Kendall, Músculos, Provas e Funções, 2007)
Figura 3. Escoliose (retirado de Kendall, Músculos, Provas e Funções, 2007)
Na
grande maioria dos casos estas alterações são resultado dos tais
desequilíbrios musculares, com grupos musculares demasiado tensos e
hiperativos, enquanto outros estão fracos e inibidos.
A
grande tarefa passa então por procurar reequilibrar estas forças
musculares, de forma a recuperar o alinhamento ótimo.
Neste
sentido existe um aspeto fundamental que passa pela Consciência da
nossa postura. Não é possível corrigir nada do qual não tenhamos
consciência. Se desconhecemos ou não prestamos atenção a algo
esse algo é como se não existisse.
Assim
se passa com a postura de muitas e muitas pessoas. Todos os dias
passam inconscientemente por várias posições corporais, várias
posturas, sem terem a mínima noção de como está a trabalhar o seu
corpo.
A
chave reside, antes de mais, em tomar consciência disso.
Faça
um exercício simples:
- Coloque-se de pé, com as costas encostadas a uma parede, com os pés ligeiramente afastados da parede (5 cm) e avalie a sua coluna.
- A cabeça fica encostada à parede? Deverá ficar.
- A zona torácica fica encostada à parede? Deverá ficar.
- Os glúteos ficam encostados à parede? Deverão ficar.
- Consegue colocar uma mão por trás da zona lombar? Deverá caber apenas uma mão nesse espaço que fica atrás da zona lombar.
Outro
exercício muito simples consiste em olhar-se em frente ao espelho:
- Repare na sua cabeça. Está inclinada para algum dos lados?
- E os ombros, existe um que esteja mais acima do que o outro?
- Os seus mamilos estão ao mesmo nível?
- O seu umbigo está centrado no meio da barriga ou está mais desviado para um dos lados?
Com
estas duas pequenas avaliações conseguirá perceber se a sua
postura base é correta ou contém alguma alteração.
Pequenas
alterações são normais em todos nós, mas várias alterações ou
alterações muito desviantes são consideradas anormais e podem
potencialmente contribuir para problemas músculo-esqueléticos.
Comece
por tomar consciência da sua postura.
Voltaremos
a este tema novamente para aprofundarmos melhor o impacto da postura
nas nossas vidas.
Até
breve!
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