À data de hoje, dia 7 de Janeiro de 2023, se é homem pode esperar viver até aos 78 anos, e se é mulher pode esperar viver até aos 84 anos. Em 1960 um homem vivia em média até aos 61 anos, e uma mulher até aos 66 anos.
Em 62 anos a esperança média
de vida aumentou 17 anos para os homens e 18 para as mulheres.
É uma subida impressionante!
Todavia, ainda não chega para
atingir o recorde de longevidade, cifrado oficialmente em 122 anos, pela
francesa Jeanne Calment.
https://en.wikipedia.org/wiki/Jeanne_Calment
Ao longo de séculos passados sempre
houve pessoas que viveram muito (como o físico Isaac Newton (no século 16), até
aos 84 anos, ou o nosso Gualdim Pais (no longínquo século 12!) até aos 77 anos)
mas poucas pessoas o conseguiam fazer. Agora muitas fazem-no, devido às
melhorias sanitárias, sociais e médicas. O progresso nestas áreas permite agora
à maioria das pessoas viver de forma consistente até idades mais avançadas.
Assim, estima-se que hoje serão já
vários milhares os Portugueses que assinalaram o centésimo aniversário, e
espera-se que em 2080 sejam quase 22 mil!
Uma pesquisa rápida pela
Pordata revela-nos que em 2021, o número de pessoas residentes em Portugal com
85 anos ou mais era acima das 361 mil, enquanto que em 2001 eram cerca de 162
mil.
Vivemos, sem sombra de dúvida,
cada vez mais.
Mas será que vivemos cada vez
melhor?
Sabemos hoje em dia que
podemos ter muitos anos na nossa vida, provavelmente chegar aos 80 anos, ou até
mais. Mas quanta vida há em todos estes
nossos anos?
Em idade mais avançada, continuaremos a desfrutar da vida como dantes, conseguiremos fazer aquilo que gostamos e nos apaixona, ou estaremos já limitados naquilo que queremos fazer, infelizes, doentes e deprimidos?
Com uma nova pesquisa rápida na Pordata, vemos que o panorama neste caso é menos animador. Para o ano de 2020, a idade de vida saudável estava nos 60 anos em Portugal.
Significa que a partir dos 60 anos, a maioria das pessoas começa a ter algum nível de incapacidade que a limita na sua vida diária. Na verdade, vivemos mais tempo, mas temos pouca evidência de que os nossos idosos de hoje sejam mais saudáveis do que foram os seus pais idosos.
Assim, surgiu nos últimos anos
o conceito de Envelhecimento Ativo e Saudável.
Ela divide-se em:
- Vitalidade (funções
fisiológicas – ex. capacidade cardiorrespiratória)
- Capacidades físicas (força
muscular, equilíbrio, resistência, rapidez)
- Capacidades mentais e
psicológicas (memória, atenção, sono)
- Capacidades sensoriais
(ouvir, ver)
As perguntas que se impõem
são:
- De que serve viver até aos
80 ou 90, se os últimos 10 ou 20 anos são passados em dificuldade?
- Espera-nos a todos uma velhice doente, incapaz
e triste?
- Como podemos acrescentar
mais vida aos nossos longos anos?
Felizmente, a ciência e as
investigações nesta área dão-nos algumas pistas. Os investigadores têm tentado
descobrir qual a pílula mágica para um envelhecimento saudável, ou até para
travar o envelhecimento. Um dos estudos mais famosos foi o estudo do grupo de
envelhecimento de Harvard. Este estudo seguiu várias pessoas ao longo das suas
vidas e chegou a algumas conclusões muito interessantes.
As grandes conclusões são estas:
- As nossas relações e quão
somos felizes nelas têm uma influência poderosa na nossa saúde e na nossa
felicidade. Quem tinha boas relações familiares, de amizade e com a comunidade,
era mais feliz, mais saudável e vivia mais tempo.
-
As pessoas que estavam mais satisfeitas com as suas relações aos 50 anos, eram
as mais saudáveis aos 80 anos.
-
Relações próximas, mais do que dinheiro e fama, são o que mantêm as pessoas
felizes ao longo da vida.
-
Quem viveu mais tempo com saúde também evitava álcool e tabaco em excesso.
-
Tomar conta do nosso corpo é importante, mas tomar conta das nossas relações é
muito importante.
Nos últimos anos, surgiu
também a investigação das chamadas Blue Zones (Zonas Azuis), zonas do planeta
onde as pessoas vivem de forma saudável e consistente até idades muito
avançadas. Foram identificadas 5 zonas onde isso acontece com regularidade:
Loma Linda na Califórnia, Nicoya na Costa Rica, Sardenha em Itália, Icária na
Grécia e Okinawa no Japão.
A longevidade acima do normal nestas zonas do planeta parece resultar da combinação de vários fatores.
Em
todas elas, parecem ser usadas estratégias semelhantes, que são resumidas
naquilo a que chamaram as 9 regras:
1 – Fazer Movimento natural
diário
2 – Ter um Propósito de vida
3 – Ter Estratégias para lidar
com stress
4 – Aplicar a Regra dos 80 %
ao comer (parar antes de estar cheio)
5 – Ter uma Dieta
predominantemente plantar
6 – Beber Vinho moderadamente
com amigos
7 – Escolher a Tribo certa
8 – Ter um Sentido de
comunidade, baseado na fé
9 – Colocar em Primeiro lugar os
que amamos
Estas estratégias parecem
estar a vir a ser confirmadas por outros estudos feitos, nomeadamente:
- na área da restrição
calórica (organismos que comem menos vivem mais e de forma mais saudável)
- na área do exercício físico
(em idosos, a atividade física reduz a mortalidade por todas as causas, reduz
os sintomas de ansiedade e depressão, melhora o raciocínio e o sono e ajuda a
prevenir quedas e perca de capacidades físicas)
Por isso, se quiser viver mais e de forma mais saudável, tente comer menos, mexa-se mais, enerve-se menos, ame mais, rodeie-se das pessoas certas e desfrute da vida. Tome conta do seu corpo, da sua mente e das suas relações, porque poderá cá andar ainda muito tempo.
Referências bibliográficas:
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/ageing-and-health
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/10-facts-on-ageing-and-health
https://www.pordata.pt/Europa/Anos+de+vida+saud%C3%A1vel+%C3%A0+nascen%C3%A7a+total+e+por+sexo-3654
Dan Buettner Sam SkempAm J Lifestyle Med. 2016 Jul 7;10(5):318-321.
doi: 10.1177/1559827616637066. eCollection
2016 Sep-Oct.
https://www.culturgest.pt/pt/media/vida-maior-que-o-tempo-regeneracao/#longevidade-regeneracao
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